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16 de jul. de 2014

Famílias despejadas se reúnem em frente à subprefeitura em Iperó

Grupo exige apoio do poder público após reintegração de posse.
Mais de 300 pessoas foram despejadas de área particular.
Grupo se reúne para exigir assistência da Subprefeitura de George Oeterer (Foto: Adriane Souza/G1)
Por volta das 11h desta terça-feira (15) dezenas de pessoas se reuniram em frente à Subrefeitura de George Oeterer em Iperó(SP), buscando soluções para encontrar uma nova moradia. Junto com mais de 300 pessoas, o grupo foi despejado de uma área particular nesta manhã. Segundo a secretária do Governo, Joyce Helen Simão, a prefeitura não tem locais para abrigar as famílias. A reintegração de posse foi executada no Distrito de Campos Vilheta, no bairro de George Oeterer.

“Vamos ficar no relento. Não temos família aqui, nem condições de pagar aluguel”, lamenta Vagner Baia de Oliveira, 30 anos. Ao lado da mulher, Amanda Gonçalves de Jesus, de 16, ele tenta recuperar as madeiras do barraco onde vivia. “Aquilo é tudo que temos, não sei o que será agora”, complementa Amanda, com a filha Nayla de quatro meses no colo. O casal pagava aluguel emSorocaba (SP) e seguiu para área invadida em busca de uma vida melhor. “Queríamos juntar um dinheiro e melhorar de vida, agora não temos nada”, desabafa Vagner.
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Na mesma situação do casal Vagner e Amanda está a maioria das 130 famílias, que ocupavam 15 mil metros de uma área particular, segundo o levantamento da Polícia Militar junto com a equipe de Assistência Social do município. A maior parte dos ocupantes são de outras cidades e até de outros estados, como Vanlei Guilherme dos Santos, que veio da Bahia e construiu um barraco de madeira para viver com a esposa e os dois filhos, de 4 e 7 anos. “Ninguém nos dá apoio e não sei onde vou dormir com a minha família esta noite”, diz.

Conforme informou a Polícia Militar, a maior parte das famílias saíram da área invadida pacificamente, após serem informadas da reintegração de posse decretada pela Justiça. “Desde o início de junho estamos nos preparando para que a reintegração ocorresse da forma mais pacífica possível”, explica o major Vanclei Franci, responsável pelo 40º Batalhão da PM. Alguns dias antes, junto à prefeitura, os militares cadastraram todos os ocupantes da área e em pesquisa aos documentos registrados, dois procurados foram capturados, um no sábado (12) e um nesta manhã, condenado há 12 anos por homicídio.
Famílias e PM assistem retirada das madeiras dos
barracos derrubados (Foto: Adriane Souza/G1)

A reintegração ocorreu de forma pacífica, sem resistência. A ação contou com cerca de 250 policiais militares da região acompanhando 10 oficiais de justiça e a Guarda Civil Municipal acompanhando as assistentes sociais. A advogada dos ocupantes do terreno, Emanuela Barros, explica que a área – que tem mais de 50 mil metros – é devoluta, ou seja, já teve dono mas hoje está abandonada. “Iremos provar ao longo do processo que a área não tem dono e que o reclamante não tem a propriedade do terreno”.

Advogando em causa própria, o advogado Antônio Richard Stecca Bueno diz que comprou a área de uma família que a obteve em leilão industrial em 1935. “Me sinto humilhado e constrangido, pois eles [ocupantes] disseram que vão voltar. Comprei a terra honestamente em 1985”, destaca. Segundo ele, o processo corre na 2ª Vara Judicial de Boituva (SP). Os representantes dos ocupantes informaram que a área irá se transformar em um condomínio de casas para lazer, mas há um processo no Supremo Tribunal de Justiça no qual a União reivindica a posse desta área, que seria uma extensão da Fazenda Ipanema.

E de forma emergencial, a prefeitura forneceu café da manhã e cestas básicas para as famílias despejadas mas, segundo a secretária de Governo Joyce Helen Simão, o poder público não poderá acolher estas pessoas. “Não temos um abrigo no município, por isso estaremos viabilizando o retorno destas pessoas para seu local de origem, se assim quiserem e encaminhando os demais para casa de familiares”, explica.

Poucos deles estão inscritos nos programas de habitação do município, que conta com o programa Aluguel Social. “Segundo a lei, pessoas despejadas não têm direito ao aluguel social, portanto permaneceremos com a guarda dos bens destas pessoas até que consigam decidir para onde irão”, conclui. Os pertences das famílias despejadas estão em um campo de futebol do mesmo bairro.
Com a filha de quatro meses no colo, Amanda observa pedaços da sua ex-casa (Foto: Adriane Souza/G1)
fonte:Adriane SouzaDo G1 Sorocaba e Jundiaí

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